Limpeza de bicos injetores: prevenção ou golpe?







Em todo o Brasil está sendo praticado um verdadeiro assalto ao bolso do consumidor. É que algumas oficinas estão apelando para o “antes que seu carro falhe e lhe deixe na mão, submeta-o a uma limpeza dos bicos injetores”. Outras incluem o “serviço” na conta do cliente, que levou o carro para uma checagem geral, sem ao menos consultá-lo. Tenha cuidado, pois a limpeza das válvulas injetoras somente é necessária em alguns casos específicos. Saiba quais são esses casos, como funciona esse componente e a opinião de algumas montadoras de automóveis e fabricantes de “bicos”.

O que é bico injetor - É um componente do sistema de alimentação do motor. A válvula injetora, que é chamada popularmente de “bico”, tem a função de pulverizar o combustível no coletor de admissão ou diretamente na câmara de combustão. Nos motores à gasolina, os “bicos” funcionam por meio de eletroímãs, comandados por uma central eletrônica. São componentes de extrema precisão, pois dosam o combustível de acordo com a necessidade do motor, desde a marcha lenta até os regimes de potência máxima.


Magneti Marelli - Segundo Eduardo A. Campos, gerente comercial da empresa fabricante de válvulas injetoras, não há necessidade de limpeza preventiva dos “bicos”. “Somente recomendamos que, nas revisões programadas pelo fabricante do carro, seja verificados os parâmetros de funcionamento dos injetores. Se não houver nenhum inconveniente, não é necessária a limpeza”, esclarece.

Bosch - A Bosch, fabricante de válvulas, faz distinção entre “bicos novos” (produzidos a partir de 1996) e “antigos” fabricados antes de 1995). Os “antigos” são suscetíveis à formação de depósitos e, na ocasião, o bombustível brasileiro, de má qualidade, potencializava o problema. Os “novos” não têm necessidade de espécie alguma de limpeza.

Fiat - A limpeza não é um item da manutenção preventiva programada. “Ela é recomendada somente quando há problema de funcionamento irregular do motor”, esclarece Carlos Henrique, engenheiro da Fiat Automóveis.

Volkswagen - Segundo Paulo Sanches, gerente de assistência técnica daquela montadora, a VW não recomenda a limpeza, como manutenção preventiva. Somente se o carro apresentar alguma anomalia e, mesmo assim, depois de uma verificação completa no sistema de injeção.

General Motors - A GM do Brasil não recomenda a limpeza dos “bicos injetores” e esse procedimento não consta no plano de manutenção preventiva dos veículos Chevrolet.

Ford - Também não recomenda a limpeza dos “bicos” em quilometragem alguma, sob a alegação de que os mesmos são autolimpantes. É a única montadora que explica isso no Manual do Proprietário do carro.

Quando fazer - Algumas montadoras e os dois fabricantes de válvulas injetoras citaram alguns casos nos quais a limpeza dos “bicos” poder ser recomendada, mesmo assim depois de um diagnóstico mais completo. Um deles é o abastecimento prolongado com combustível adulterado, cujos sintomas são: funcionamento irregualar do motor, consumo elevado, perda de potência ou dificuldade de partida a frio. Outro problema corriqueiro é o entupimento do “bico”, devido ao acúmulo de partículas no seu filtro ou bloqueio (aberto ou fechado), provocado pela entrada de corpos estranhos em seu interior.

Tipos de limpeza - Os “bicos” podem ser limpos de duas formas, a saber: com o sistema montado ou desmontado. A limpeza, no primeiro caso, é feita por meio de um líquido, que é injetado na galeria, com o motor em funcionamento. No segundo, é feita com os “bicos” desmontados. Nesse caso, o engenheiro Eduardo Campos, da Magneti Marelli, recomenda que, além das válvulas, também sejam limpos os componentes periféricos que tenham contato com as mesmas (galeria de combustível, também chamada de flauta ou fuel rail; coletor de ar; cabeçote do motor, no caso do “bico” estar montado fora do coletor de ar; e regulador de pressão). Segundo os engenheiros da Bosch, o método que apresenta melhores resultados é o de limpeza por ultra-som.

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